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Diet ou light?


domingo, 5 de dezembro de 2010



Os alimentos diet e light podem ser aliados da boa forma — ou vilões. Para que seu regime não derrape, conheça as armadilhas escondidas no rótulo desses produtos
Por Marjorie Zoppei e Carolina Cardoso // Ilustrações F. Scomazzon



Levante a mão quem nunca comprou um produto light ou diet para brecar o consumo de calorias. Você não está sozinha nessa: de dez anos para cá, esse mercado cresceu 800%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos (Abiad). Para 2010, a estimativa é de que evolua mais 9% em relação ao ano passado. Mas incorporar alimentos diet e light à sua despensa não significa sucesso na perda de peso — as duas versões não são, necessariamente, pouco calóricas. Ainda pairam muitas dúvidas na cabeça das consumidoras no que diz respeito à diferença entre as duas variedades. A confusão começa com a legislação brasileira, que permite que produtos diet sejam rotulados de light.

Veja o exemplo dos refrigerantes: embora o açúcar tenha sido substituído por adoçante na fórmula das bebidas (o que as qualifica como diet), as empresas preferem usar o termo light, por estratégia mercadológica. Consultar o rótulo dos alimentos antes de se decidir por um ou outro ajuda na possibilidade de uma escolha certa. Segundo dados da Abiad, 86% dos consumidores não leem a composição nutricional dos produtos que adquirem. “Esse é um dos piores hábitos alimentares da população brasileira”, afirma Carlos Gouvêa, presidente da entidade. Outra estratégia é devorar esta reportagem para descobrir as principais diferenças, propriedades e recomendações de cada versão. Assim, você não terá nenhuma surpresa negativa na balança — nem na saúde.


Qual é a diferença entre alimentos diet e light?


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica como diet os produtos com restrição de algum tipo de nutriente — açúcar, por exemplo. Também se encaixam na categoria alimentos com isenção total de gordura, sódio, carboidratos ou proteínas. Essas alterações são feitas visando pessoas com regimes especiais, como diabéticos, hipertensos, gestantes ou alérgicos. Já as versões light são aquelas que, em relação à fórmula original, têm uma redução mínima de 25% da quantidade de qualquer ingrediente, como o próprio açúcar, gordura e sódio. Por isso, não se engane: o termo light não se refere exclusivamente à quantidade de calorias. O ponteiro da balança pode subir se você comer um alimento em dobro só por ele levar esse selo.


As versões diet e light são mais saudáveis que as convencionais?


Depende do tipo de alimento. O chocolate diet, por exemplo, apesar de não conter açúcar, possui até 20% mais gordura do que o tradicional. Já o sal e o shoyu light, se consumidos com moderação, são mais saudáveis por ter até metade do sódio da fórmula clássica, evitando hipertensão e retenção de líquidos. Com relação aos iogurtes light, um dos produtos mais procurados do segmento, a nutricionista Patricia Davidson, do Rio de Janeiro, faz uma ressalva. “Eles levam, na maioria das vezes, aspartame, ciclamato e sacarina sódica, substâncias que podem ser prejudiciais à saúde a longo prazo”, afirma. Alguns estudos associam o consumo prolongado de aspartame ao câncer. Já os outros dois edulcorantes são ricos em sódio.


Posso substituir a versão normal pela light sempre?

Não. Para fazer a troca, é preciso saber o que mudou em relação à fórmula convencional. “Em algumas situações, os produtos light recebem uma quantidade enorme de substâncias químicas em detrimento daquelas com valor nutricional”, afirma a nutricionista Daniela Jobst, membro do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional e do Instituto de Medicina Funcional, nos EUA. É o caso dos sucos em pó. Prefira a versão industrializada líquida, em garrafa ou caixinha, sem conservantes — se não puder consumir o suco natural, claro.


Há contraindicações para o consumo desses alimentos?

Laticínios semidesnatados são contraindicados para crianças e adolescentes. De acordo com a presidente da Associação Gaúcha de Nutrição, a nutricionista Jacira Conceição dos Santos, nos semidesnatados são retiradas partes das vitaminas lipossolúveis que o leite integral contém, como as vitaminas A, E e D, indispensáveis para a fixação do cálcio nos ossos da moçada em fase de crescimento. Pelo mesmo motivo, recomenda-se que adultos com risco de desenvolver osteoporose consumam laticínios integrais.


Refrigerante zero é light ou diet?

Nos últimos anos, as indústrias de bebidas alteraram o rótulo dos refrigerantes, trocando o termo “diet” pelo “light”. A Coca-Cola Light, por exemplo, é a antiga Coca-Cola Diet. Como o açúcar continua eliminado da fórmula, a bebida ainda pode ser considerada dietética. A confusão dos consumidores ficou ainda maior com a chegada da variedade Zero. Sua receita é quase idêntica à da light e também livre de açúcar — o que muda é a combinação dos adoçantes. Mesmo assim, trata-se de dois produtos direcionados para públicos diferentes (aqueles que têm restrição alimentar ou querem apenas economizar na caloria).


Alimento diet, com isenção de açúcar, é indicado somente para diabéticos?

Eles não são tão vantajosos para quem não sofre da doença, mesmo que em alguns casos auxiliem na redução de peso. Isso porque, para compensar a retirada completa do açúcar sem prejuízo do sabor, acrescentam-se à fórmula ingredientes como sódio. Além disso, outro adoçante corriqueiro nessas fórmulas é o sorbitol, derivado da glicose e da frutose, bastante calórico. “Em excesso, a ingestão do sorbitol causa diarreia. Por essa razão, só deve ser consumido sob orientação de um profissional”, explica Patricia.


Quem tem colesterol alto deve comer alimento light?

Nesse caso, recomenda-se o consumo de alimentos light com redução de gordura saturada e com teor zero de gordura trans — a exemplo dos laticínios desnatados. Outra opção é a substituição de alimentos ricos em gordura saturada, como o óleo de soja, sorvete ou comida congelada, por gorduras consideradas de boa qualidade, como as do tipo monoinsaturada encontradas no azeite, abacate e castanhas.


Grávidas e crianças podem consumir produtos light e diet?

Adoçantes como aspartame, sacarina, sucralose, ciclamato e sorbitol, que para alguns ainda são vistos como vilões, já começam a ter defensores. “Pesquisas recentes indicaram que, para fazer mal a uma grávida, esses produtos precisam ser consumidos em doses exageradas, como um vidro por dia”, argumenta a nutricionista Cynthia Antonaccio, especialista em comportamento alimentar e diretora da Equilibrium Consultoria e Nutrição, em São Paulo. Para não colocar suas pacientes em risco, as especialistas sugerem alimentos à base de sucralose, único adoçante artificial derivado do açúcar, com menor quantidade de aditivos químicos. Para as crianças, as versões light e diet são recomendas apenas em caso de diabetes ou obesidade. Os pequenos que ingerem esses produtos desordenadamente podem sofrer com disfunção no rim ou no fígado, por exemplo, por causa dos resíduos tóxicos dos adoçantes artificiais. Uma boa saída, segundo Daniela Jobst, é substituir o açúcar refinado pelo mascavo ou o mel.


Fonte: Revista Womens Health

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