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O trabalho está engordando você?


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sua vida profissional pode sabotar sua dieta ou, pior, aumentar ainda mais suas medidas. Saiba identificar os momentos em que o trabalho vira inimigo da balança e prepare o contra-ataque

por Eliane Contreras

A proposta era irrecusável: cargo perfeito para uma administradora de empresas e um salário bacana. A carioca Cristiane Lima só não imaginava que, passados dois anos de total dedicação ao trabalho numa multinacional, também ganharia polpudos 5 quilos.

“Me dei conta desse aumento de peso no último checkup. No próximo, não vai ser surpresa se a balança acusar mais alguns quilinhos”, administradora, de 27 anos, 1,56 metro de altura e atuais 54 quilos. Se não detectar em que momento a vida profissional está mexendo com suas medidas, e se organizar para o contra-ataque, não tem como ser diferente: Cristiane vai continuar ganhando peso.



Quer dizer que trabalhar engorda? É o que afirmam as estatísticas. O ritmo acelerado – cada vez mais comum no dia-a-dia de quem trabalha –, associado à falta de tempo para comer com calma, funcionou como um verdadeiro regime de engorda para quase metade dos 500 funcionários da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) de São Paulo. Uma avaliação feita no final de 2006 revelou que 44,3% deles estavam acima do peso. “E, desse total, 12,9% atingiram a faixa de obesidade”, conta o médico do trabalho Mário José Mello Martins, coordenador da área de saúde da BM&F. A partir de um programa de incentivo à qualidade de vida realizado na empresa, vários funcionários estão mudando essa rotina e, aos poucos, recuperando o antigo peso.



fast food e computador: dupla explosiva

Na lista dos vilões, a nutricionista Maria Pia Costa, da Nutriesssencial Consultoria, em São Paulo, inclui o acesso fácil às máquinas de guloseimas, fast food, excesso de cafezinhos e, claro, as tentações oferecidas pelos colegas no meio da tarde, no auge da larica. Acrescente o sedentarismo a isso tudo e, pronto, você vai entrar rapidamente para a turma dos profissionais acima do peso. Se não é o que você sonha para o seu corpinho, modifique também sua rotina. O primeiro passo é reservar espaço na agenda diária para tomar café-da-manhã e almoçar – se possível, sempre no mesmo horário –, além de programar um intervalo no meio da tarde para fazer um lanche rápido. “São atitudes simples, mas indispensáveis para evitar armadilhas comuns, como pedir sanduíche por telefone na hora do almoço e devorá-lo em minutos diante do computador”, comenta Maria Pia, que, junto com a sócia Gabriella Guerreiro, criou o Nutri Office, um programa de reeducação alimentar especial para ser levado às empresas.



Rotina de engorda

A questão é que existem profissões, como a da relações públicas carioca Juliana Leite, de 28 anos, que não permitem a tal disciplina sugerida pelos especialistas. Obrigada a viajar cada semana para um lugar diferente, ela engordou 15 quilos em menos de dois anos. Só conseguiu se livrar do excesso, voltando a pesar 67 quilos (adequados para seu 1,73 metro de altura), quando mudou de emprego. “Minha rotina era maluca. O tempo era dividido entre aeroportos, compromissos profissionais e hotéis. Comia o lanche servido no avião para economizar tempo e, assim, ir direto para as reuniões. Passava o resto do dia tomando cafezinho e, no jantar, pedia um sanduíche no quarto do hotel. No café-da-manhã não resistia: experimentava quase tudo o que tinha no bufê – pão de queijo, croissant com manteiga e geléia, bolo, suco, café com leite, iogurte com sucrilhos açucarado, fruta...”, conta Juliana. Hoje, apesar de viajar menos, continua com a agenda atribulada. “Mas não caio mais na roubada de comer qualquer coisa a qualquer hora para dar conta do trabalho.”



3, 4, 5 quilos no susto

Você faz parte do gigantesco time de mulheres que usa a comida para aliviar as tensões? Então corre ainda mais risco de engordar, pois o ambiente de trabalho é assim: quando não é a competição entre os colegas, é a pressão da chefia para cumprir metas e prazos que abala as nossas emoções. Daí a boca fica nervosa. “O trabalho me deixa superansiosa. Para compensar, como chocolate, salgadinho, biscoito... Nos dias tensos, também dobro o tamanho do prato na hora do almoço”, conta a empresária paulista Elaine Chapani, de 31 anos, 1,74 metro de altura e 73,5 quilos.

“Para muita gente, as tensões do trabalho geram ansiedade e disparam o gatilho da fome, agravando a relação com a balança”, alerta Zuleika Fluente, coordenadora psicológica do Peso Ideal in Company, orientação empresarial criada pelo sistema de emagrecimento Peso Ideal. Não só isso. Os problemas acumulados viram um trampolim para o stress, o que pode fazer você ganhar 3, 4, 5 quilos mesmo sem abusar da comida. Isso acontece porque o stress estimula a produção de cortisol – hormônio que estimula o corpo a estocar gordura. E lá vem peso extra. Portanto, se o clima pesar no escritório, respire fundo. Melhor: arrume uma horinha – no começo, no meio ou no fim do dia – para soltar as feras na academia ou dar uma volta no quarteirão. Relaxa e emagrece! Você passa o dia sentada? Pois comece a andar já! Nem que seja para ir até o bebedouro. Identifi que a seguir outras ciladas do trabalho que podem fazê-la engordar. A gente aponta cinco maneiras de você continuar usando o mesmo número de manequim que no começo da sua carreira.



5 momentos vips na agenda

Não caia na cilada de pular o café-da-manhã, almoçar às pressas e ocupar sua única horinha livre com mais trabalho


1 - Café-da-manhã: combustível para a mente

Você sai de casa em jejum para não se atrasar? Acorde dez minutos mais cedo. Quem pula essa refeição detona o almoço. Tem mais: sem combustível, o raciocínio fica lento e você rende menos. O café-da-manhã ainda é importante para acordar o metabolismo, o que faz o corpo queimar mais calorias e estocar menos gordura. Mas se preferir dormir até o último minuto, leve uma fruta ou barrinha de cereais na bolsa para comer no caminho do escritório. No meio da manhã, dê uma parada para mais um lanche e beba água o dia todo – o corpo às vezes confunde sede com fome, fazendo você comer mais.


2 - Na hora do almoço: almoce!

Se tem restaurante na empresa, ótimo. Mas veja lá o que vai pôr no prato. Servir-se de tudo um pouco (ou de tudo muito) resulta numa refeição pra lá de calórica. Experimente reservar metade do prato para as folhas e os legumes, e o restante para o carboidrato (um só: batata ou macarrão, nunca os dois) e a proteína (carne magra assada ou grelhada). Ou inverta os pratos: o raso para a salada e o de sobremesa para o salgado (arroz, feijão e carne). Pule o bife empanado, o pastel e os molhos gordurosos. Assim você tem direito à sobremesa. Sua opção é fast food? Procure restaurantes por quilo ou que tenham salada e grelhados no cardápio.


3 - Lanche da tarde: metabolismo acelerado

Faça um ou dois lanches leves à tarde, com intervalos de três horas entre eles.
O que comer? Frutas secas, castanhas, iogurte light. Essas comidinhas ajudam você a ficar
longe da máquina de salgadinho, farta em doces e refrigerantes. Esticar as pernas até
a lanchonete também é uma ótima idéia. Lá, peça um pão integral com queijo ou um misto.


4 - Sono: não fique sem ele

Evite levar trabalho extra para casa, pois varar a noite acordada também faz os pneuzinhos saltarem. Isso acontece porque o cortisol (de novo ele) entra em ação. “Além de provocar o desejo incontrolável de comer, esse hormônio aumenta a resistência à insulina (o açúcar fica circulando em excesso no sangue), fazendo o corpo estocar gordura”, explica a nutricionista Pollyanna Oliveira, de Pouso Alto (MG). E as pesquisas comprovaram que o cortisol age muito mais intensamente em pessoas que dormem pouco.


5 - Malhação: amiga do trabalho

Tem academia no seu trabalho ou próximo a ele? Pense seriamente em se matricular. Outra alternativa: no final do dia, nada de se esparramar diante da TV para relaxar. O médico do trabalho Mário Martins, da BM&F, aconselha você a usar o pouco tempo livre para mexer o corpo – nadar, correr ou andar. E, no trabalho, movimente-se sempre que possível. Vale ir no banheiro mais longe da sua sala. Usar as escadas quando for de um andar para o outro. Ficar de pé quando estiver ao telefone. Ir a pé almoçar ou dar uma volta depois de comer.




Fonte: Revista Boa Forma

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