Os últimos capítulos também não surpreendem. Depois de duas semanas de restrições, essa garota se olha no espelho, até percebe alguma mudança, mas ainda não vê a silhueta da Gisele Bündchen no reflexo e, decepcionada, desiste do projeto, sentindo-se culpada pelo fracasso. A personagem principal dessa novela é a Denise Constantino, psicóloga e professora de hatha ioga, de São Paulo. Mas poderia ser eu, você ou aquela vizinha que vive brigando com a balança. Inconformada com a máxima de que um zíper na boca é o único jeito de qualquer dieta dar certo, Denise resolveu explorar toda a sua bagagem profissional para entender por que é tão difícil perder peso de forma definitiva. A solução, ela garante, está na nossa cabeça. “Precisamos estabelecer uma relação consciente com a comida. Não se trata de reeducação alimentar, mas de aprender uma nova postura para encarar a vida.” Eu quero emagrecer? Aula de degustação
Aqui, restrições não entram! Brigadeiro (ou sorvete, pizza, lasanha...) pode, sim, desde que a sua atitude em relação a essa delícia mude. Descobrir o motivo que está levando você a comer em excesso é fundamental para evitar o gatilho da compulsão e fazer qualquer projeto de emagrecimento dar certo. Autoconhecimento e ioga ajudam nessa batalha!
por Débora Lublinski
Esta história não tem um começo muito original: era uma vez uma garota que estava gordinha e andava muito chateada com isso. Ela resolveu, então, encarar uma superdieta.
O caminho escolhido foi tomar uma fórmula (do tipo que acelera o coração e deixa a boca seca) e cortar doce, fritura, massa e outras delícias apontadas como vilãs da boa forma. O preço disso tudo? Muito dinheiro para pagar a consulta médica. Muita saúde jogada fora por conta dos remédios. Muito sacrifício para encarar as inúmeras limitações à mesa (A pizza no domingo, o bolo de aniversário, a macarronada em família? Não podem!) e muito, mas muito mesmo, controle para se manter nesse caminho até chegar à meta estipulada (quase sempre inatingível).
Certeza de um final feliz.
Batizado de Dieta Mental, o método desenvolvido pela psicóloga aposta no poder do autoconhecimento alidado à sabedoria da ioga. Tudo para desmontar as armadilhas emocionais que atrapalham a gente. A primeira arapuca aparece antes mesmo da dieta começar. Ninguém pára para analisar porque quer perder peso. Será que é o marido que faz questão de uma esposa nos moldes da boneca Barbie? Ou todas as amigas descoladas são do tipo alta e magra e você não pode ser uma exceção? “Na maioria das vezes, a decisão de emagrecer vem de fora. É imposta pela sociedade que associa valor pessoal com a aparência: só as mulheres esquálidas são merecedoras de alguma coisa”, diz a especialista. E, assim, com a destruidora sensação de que não somos boas o suficiente para o resto do mundo, não existe força de vontade que dê conta de uma transformação. “Costumo dizer às minhas pacientes que o corpo é apenas uma parte delas, o que não anula todo o restante”, adverte Denise. Pensando dessa forma, fica mais fácil se aceitar à sua moda e conseguir partir para pequenos ajustes que podem melhorar o visual.
Saia do piloto automático!
Bom, se você consultou o seu desejo e constatou que vai se sentir melhor com o jeans mais folgado, o próximo passo é encontrar o botão que tira a sua ligação com a comida do piloto automático. Você sabe que, quando devora uma barra de chocolate, nem sempre está com fome. Então, o que realmente está faltando? O que poderia satisfazer a sua vontade em vez de um doce melecado: carinho, atenção, segurança? “Ao responder essas perguntas, conseguimos eliminar as conexões internas, a maioria inconscientes, que fazem a gente agir de forma descontrolada”, pondera Denise. Nem sempre dá tempo de impedir o ataque ao bolo de chocolate, mas perceber, depois, que o deslize foi impulsionado por uma emoção (tristeza ou raiva, talvez) á é meio caminho andado. A ioga também ajuda a segurar as rédeas da nossa ansiedade e a ativar nossa determinação — a gente conta como ela vira sua aliada a seguir. Aos poucos, será possível perceber que não precisa mais compensar problemas e dificuldades comendo. E o final da história será diferente: você vai poder comer de tudo um pouco, mas de uma forma responsável e consciente, sem precisar viver em guerra com a própria imagem.
Já reparou como você come? Com pressa? Com culpa? Com raiva do namorado? Pare e coloque os seus cinco sentidos para funcionar na hora de provar até uma inofensiva balinha: ouça o barulho do papel ao ser aberto, repare na cor, sinta o cheiro e, antes de mastigá-la por inteira, perceba a textura para, então, saboreá-la. Com essa aula de degustação, a psicóloga Denise Constantino ensina que dá para se sentir saciada usando a visão, a audição, o tato e o olfato em vez de utilizar apenas o paladar. Se você agir dessa maneira antes de atacar aquele doce, pode até perceber que não estava com tanta vontade de cometer esse pecado.
A ioga é a sua aliada anticompulsão
Com as posturas da hatha ioga (uma linha mais suave dessa prática), você percebe o que o seu corpo está sentindo e descobre para que serve cada movimento. Isso também vale para emagrecer: à medida que damos atenção às nossas atitudes, fica mais claro entender e reduzir o gatilho da gula. Esta seqüência trabalha a coluna vertebral e o abdômen. A proposta é melhorar não apenas o eixo corporal mas também a sua postura diante dos alimentos. Já o abdômen fortalecido ajuda estimular a força de vontade, pois ativa o centro de energia dessa região (ou chacra manipura), associado a essa qualidade.
respiração que dribla a ansiedade
A ioga prega que respirar corretamente também tem papel importante quando o assunto é aumentar a sua consciência em relação aos alimentos. Com o primeiro exercício, a respiração abdominal, você desacelera os pensamentos e compreende melhor o que realmente está sentindo – isso evita afundar as mágoas no pacote de biscoito! Quando ficar fácil, passe para o segundo tipo de respiração, a kapalabhati. Ela ativa a região do abdômen, estimulando a digestão e a força de vontade e a coragem.
• Inspire devagar em três tempos, dilatando o abdômen. Solte o ar, murchando a barriga.
• Inspire de forma profunda. Aos pouquinhos, fazendo leves contrações do abdômen, solte o ar pelo nariz como se estivesse com um soluço.
Fonte: Revista Boa Forma
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