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Dieta do Sim


sábado, 31 de janeiro de 2009


Aqui, restrições não entram! Brigadeiro (ou sorvete, pizza, lasanha...) pode, sim, desde que a sua atitude em relação a essa delícia mude. Descobrir o motivo que está levando você a comer em excesso é fundamental para evitar o gatilho da compulsão e fazer qualquer projeto de emagrecimento dar certo. Autoconhecimento e ioga ajudam nessa batalha!

por Débora Lublinski


Esta história não tem um começo muito original: era uma vez uma garota que estava gordinha e andava muito chateada com isso. Ela resolveu, então, encarar uma superdieta.


O caminho escolhido foi tomar uma fórmula (do tipo que acelera o coração e deixa a boca seca) e cortar doce, fritura, massa e outras delícias apontadas como vilãs da boa forma. O preço disso tudo? Muito dinheiro para pagar a consulta médica. Muita saúde jogada fora por conta dos remédios. Muito sacrifício para encarar as inúmeras limitações à mesa (A pizza no domingo, o bolo de aniversário, a macarronada em família? Não podem!) e muito, mas muito mesmo, controle para se manter nesse caminho até chegar à meta estipulada (quase sempre inatingível).



Certeza de um final feliz.

Os últimos capítulos também não surpreendem. Depois de duas semanas de restrições, essa garota se olha no espelho, até percebe alguma mudança, mas ainda não vê a silhueta da Gisele Bündchen no reflexo e, decepcionada, desiste do projeto, sentindo-se culpada pelo fracasso. A personagem principal dessa novela é a Denise Constantino, psicóloga e professora de hatha ioga, de São Paulo. Mas poderia ser eu, você ou aquela vizinha que vive brigando com a balança. Inconformada com a máxima de que um zíper na boca é o único jeito de qualquer dieta dar certo, Denise resolveu explorar toda a sua bagagem profissional para entender por que é tão difícil perder peso de forma definitiva. A solução, ela garante, está na nossa cabeça. “Precisamos estabelecer uma relação consciente com a comida. Não se trata de reeducação alimentar, mas de aprender uma nova postura para encarar a vida.”


Eu quero emagrecer?

Batizado de Dieta Mental, o método desenvolvido pela psicóloga aposta no poder do autoconhecimento alidado à sabedoria da ioga. Tudo para desmontar as armadilhas emocionais que atrapalham a gente. A primeira arapuca aparece antes mesmo da dieta começar. Ninguém pára para analisar porque quer perder peso. Será que é o marido que faz questão de uma esposa nos moldes da boneca Barbie? Ou todas as amigas descoladas são do tipo alta e magra e você não pode ser uma exceção? “Na maioria das vezes, a decisão de emagrecer vem de fora. É imposta pela sociedade que associa valor pessoal com a aparência: só as mulheres esquálidas são merecedoras de alguma coisa”, diz a especialista. E, assim, com a destruidora sensação de que não somos boas o suficiente para o resto do mundo, não existe força de vontade que dê conta de uma transformação. “Costumo dizer às minhas pacientes que o corpo é apenas uma parte delas, o que não anula todo o restante”, adverte Denise. Pensando dessa forma, fica mais fácil se aceitar à sua moda e conseguir partir para pequenos ajustes que podem melhorar o visual.



Saia do piloto automático!


Bom, se você consultou o seu desejo e constatou que vai se sentir melhor com o jeans mais folgado, o próximo passo é encontrar o botão que tira a sua ligação com a comida do piloto automático. Você sabe que, quando devora uma barra de chocolate, nem sempre está com fome. Então, o que realmente está faltando? O que poderia satisfazer a sua vontade em vez de um doce melecado: carinho, atenção, segurança? “Ao responder essas perguntas, conseguimos eliminar as conexões internas, a maioria inconscientes, que fazem a gente agir de forma descontrolada”, pondera Denise. Nem sempre dá tempo de impedir o ataque ao bolo de chocolate, mas perceber, depois, que o deslize foi impulsionado por uma emoção (tristeza ou raiva, talvez) á é meio caminho andado. A ioga também ajuda a segurar as rédeas da nossa ansiedade e a ativar nossa determinação — a gente conta como ela vira sua aliada a seguir. Aos poucos, será possível perceber que não precisa mais compensar problemas e dificuldades comendo. E o final da história será diferente: você vai poder comer de tudo um pouco, mas de uma forma responsável e consciente, sem precisar viver em guerra com a própria imagem.


Aula de degustação
Já reparou como você come? Com pressa? Com culpa? Com raiva do namorado? Pare e coloque os seus cinco sentidos para funcionar na hora de provar até uma inofensiva balinha: ouça o barulho do papel ao ser aberto, repare na cor, sinta o cheiro e, antes de mastigá-la por inteira, perceba a textura para, então, saboreá-la. Com essa aula de degustação, a psicóloga Denise Constantino ensina que dá para se sentir saciada usando a visão, a audição, o tato e o olfato em vez de utilizar apenas o paladar. Se você agir dessa maneira antes de atacar aquele doce, pode até perceber que não estava com tanta vontade de cometer esse pecado.



A ioga é a sua aliada anticompulsão

Com as posturas da hatha ioga (uma linha mais suave dessa prática), você percebe o que o seu corpo está sentindo e descobre para que serve cada movimento. Isso também vale para emagrecer: à medida que damos atenção às nossas atitudes, fica mais claro entender e reduzir o gatilho da gula. Esta seqüência trabalha a coluna vertebral e o abdômen. A proposta é melhorar não apenas o eixo corporal mas também a sua postura diante dos alimentos. Já o abdômen fortalecido ajuda estimular a força de vontade, pois ativa o centro de energia dessa região (ou chacra manipura), associado a essa qualidade.
respiração que dribla a ansiedade

A ioga prega que respirar corretamente também tem papel importante quando o assunto é aumentar a sua consciência em relação aos alimentos. Com o primeiro exercício, a respiração abdominal, você desacelera os pensamentos e compreende melhor o que realmente está sentindo – isso evita afundar as mágoas no pacote de biscoito! Quando ficar fácil, passe para o segundo tipo de respiração, a kapalabhati. Ela ativa a região do abdômen, estimulando a digestão e a força de vontade e a coragem.

• Inspire devagar em três tempos, dilatando o abdômen. Solte o ar, murchando a barriga.

• Inspire de forma profunda. Aos pouquinhos, fazendo leves contrações do abdômen, solte o ar pelo nariz como se estivesse com um soluço.



Fonte: Revista Boa Forma

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