A ciência comprovou que o tipo amargo, consumido em doses moderadas, tem o efeito de saciar a fome. Isso facilita (e muito!) o resultado da dieta.
por Carla Conte
Desde que o homem aprendeu a contar calorias, o chocolate tem fama de fazer a gente ganhar quilinhos extras. Não é por menos: tem cerca de 500 calorias em 100 gramas, pesando (bastante!) no cardápio de qualquer uma de nós. Logo, quem iria imaginar que a guloseima mais amada pelas mulheres tem algum efeito emagrecedor? Isso mesmo: os cientistas descobriram que, dependendo da concentração de cacau, ele pode ajudar o ponteiro da balança a descer.
Surpresa? Nós também ficamos! Mas é fato: o tipo amargo – chocolate com maior concentração de cacau – aumenta a sensação de saciedade. A comprovação, publicada na conceituada revista científica International Journal of Obesity, veio de uma pesquisa coordenada pelo médico dinamarquês Arne Vernon Astrup, chefe do Departamento de Nutrição Humana da Universidade Real de Copenhague, na Dinamarca. Dois grupos participaram do estudo e o que comeu chocolate amargo pela manhã, ainda em jejum, ficou mais saciado. Resultado: consumiu 15% menos calorias ao longo do dia em comparação ao grupo que optou pelo chocolate ao leite.
Qual é o mecanismo de ação no organismo? Astrup e seus colegas ainda não conseguiram chegar a uma conclusão. “A regulação do apetite é um sistema muito complexo”, afirma, com exclusividade para BOA FORMA, Lone Brinkmann Sorensen, da equipe de Astrup. “Mas o estudo apontou que os pacientes que comeram chocolate amargo sentiram inclusive menos vontade de comer doce”, completa.
Antes de achar que 15% não é grande coisa, vamos fazer algumas contas. Uma mulher de altura e peso medianos (1,65 metro e 58 quilos) consome cerca de 2 mil calorias diárias para manter a saúde funcionando a pleno vapor e as curvas no lugar. Assim, se reduzir o consumo em 15%, economizará 300 calorias por dia. Isso significa um almoço leve (saladinha verde, uma porção pequena de macarrão com molho de tomate e um bife rolê pequeno). E, se você fizer uma caminhada em ritmo de passeio, gastará 360 calorias em uma hora. Quer dizer: essa economia não é nada desprezível.
Também no Brasil, profissionais na área da alimentação apostam na delícia dos deuses para afinar a cintura. A nutricionista Edina Sakamoto, de Campinas, inclui na dieta de emagrecimento de suas pacientes uma pequena porção de chocolate amargo. O motivo? “Algumas substâncias do cacau, como a 2-feniletilamina e a N-aciletanolamina, agem no cérebro fechando o receptores que pedem doce”, explica Edina. Você sabe: quando o desejo de açúcar diminui, fica bem mais fácil a gente controlar a balança. Só para ficar claro: é preciso optar pelo tipo amargo. E lógico, numa porção diária moderada – 30 gramas, o equivalente a uma barra pequena ou dois bombons também pequenos. É pouco para você? Pode ser, mas não vai existir nadinha de culpa!
Bom para o humor
Ok, você tem direito a mais um pedacinho (só um, hein!) quando estiver triste, cansada ou estressada. “Como também age no setor límbico – área do cérebro que alia emoção à comida –, o chocolate tem o poder de diminuir aquela vontade louca de doce que aparece especialmente em situações emocionais negativas”, diz a nutricionista Edina Sakamoto. Além disso, o cacau concentra vários componentes que melhoram o humor, alguns de nomes complicados: teobromina (um primo mais fraco da cafeína), triptofano, feniletilamina e magnésio – combinação que ajuda a combater até a depressão. Mais: o principal ingrediente do chocolate carrega compostos que inibem a degradação da anandamida, substância que prolonga a sensação de bem-estar. “Produzida pelo nosso cérebro, ela tem ação parecida com a dos canabinóides da maconha”, diz a médica ortomolecular e nutróloga Tamara Mazaracki, do Rio de Janeiro. “Enfim, são vários os efeitos positivos que, juntos, facilitam o controle do apetite”, completa Márcio Mancini, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso). Para potencializar os benefícios do chocolate, a sugestão é reservá-lo para o lanche da manhã. “Além de melhorar o bem-estar, o triptofano presente no cacau participa da produção do neuropeptídio Y. Essa substância é responsável pela sensação de saciedade e tem maior ação no período da manhã”, explica a nutricionista Daniela Jobst, do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional, em São Paulo.
O amargo é melhor
Sim, vale a pena tentar descobrir o prazer do chocolate com maior concentração de cacau, o amargo. No chocolate ao leite, os efeitos terapêuticos são menores porque o leite enfraquece o poder do cacau. E, por ter mais açúcar, apresenta alto índice glicêmico – é só comer para disparar a produção de insulina, hormônio que faz o corpo armazenar mais gordura. Sem falar do efeito rebote: a insulina tira o açúcar rapidamente de circulação e o seu organismo pede mais doce, fazendo você comer um atrás do outro. Já o branco nem é considerado chocolate entre os entendidos. Fique esperta também com a gordura trans – há empresas que ainda substituem a manteiga de cacau por essa inimiga para baratear o produto.
TIPOS:
AMARGO
De 56% a 85% de cacau + pouca manteiga de cacau + pouco açúcar
Calorias: 500
Antioxidantes: de 250 mg a 450 mg
MEIO AMARGO
De 40% a 55% de cacau + pouca manteiga de cacau + pouco açúcar
Calorias: 500
Antioxidantes: cerca de 170 mg
AO LEITE
De 20% a 39% de cacau + manteiga de cacau + açúcar + leite (e/ou leite em pó e condensado)
Calorias: 530
Antioxidantes: cerca de 70 mg
BRANCO
Nada de cacau + manteiga de cacau + leite + açúcar + lecitina
Calorias: 546
Antioxidantes: zero
10 truques para o chocolate ajudar na dieta
Você acha o amargo muito forte? Siga as sugestões das nutricionistas da Equilibrium Consultoria em Nutrição e Bem-Estar, em São Paulo, para se adaptar ao sabor. Saiba também como incluir corretamente a guloseima na dieta.
1 - Escolha as opções de chocolate amargo que têm um toque de laranja ou menta. Pelo menos até se acostumar com o sabor.
2 - Café acompanhado de chocolate cai bem. O calor confere mais conforto ao estômago e a sensação de saciedade se prolonga.
3 - Evite estocar o chocolate em casa ou na gaveta do escritório. Compre à medida que for consumindo.
4 - Prefira ingeri-lo no lanche da manhã. Assim, ao longo do dia, tende a ficar mais fácil controlar a gula.
5 - Outra opção é como sobremesa do almoço. Já saciada, você fica feliz com um pedacinho menor.
6 - Vai deixar o chocolate para o lanche da tarde? Combine-o com um outro alimento fonte de gordura boa (amêndoa) ou de fibras (fruta). A parceria é importante para reduzir o índice glicêmico.
7 - Cacau em pó, sem açúcar e orgânico, também é uma boa opção. Polvilhe-o sobre uma banana assada. A fruta aquecida libera mais triptofano e o chocolate potencializa ainda mais sua ação.
8 - O espetinho de fruta (morango, banana, maçã, uva) coberto com chocolate amargo é uma boa alternativa. Além de ser uma delícia, fruta tem fibra e ajuda a saciar mais.
9 - Damasco também combina com cacau. Pode derreter até 30 gramas no microondas e coloque por cima de cinco damascos.
10 -Compute as calorias da guloseima no total consumido. E lembre-se: a porção diária não deve ultrapassar 30 gramas (uma barra pequena). Comer uma barra grande por dia engorda!
Bom para a saúde
O cacau tem uma quantidade incrível de polifenóis e flavonóides – o dobro que o vinho tinto e cinco vezes mais que o chá verde. Por isso, quanto maior a porcentagem desse ingrediente no chocolate (hoje existem opções no mercado com até 85%), melhor para o coração. Está certo: é mais amargo. Mas há motivos de sobra para você curtir esse sabor, certo? As pesquisas mostram que o chocolate amargo ainda:
• Reforça o sistema imunológico
• Protege os neurônios
• Reduz sintomas da TPM
Fonte: Revista Boa Forma
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