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Trate a compulsão alimentar


quinta-feira, 19 de março de 2009

Psicóloga dá dicas para acabar com esse mal que leva ao sobrepeso e à obesidade

Ataques noturnos à geladeira e falta de controle para parar de comer, mesmo estando saciado. Essas são algumas das queixas que a psicóloga Adriana de Araújo, autora do livro O Segredo para Emagrecer (Universo dos Livros) ouve com freqüência em seu consultório. Todas relacionadas à compulsão por comer.

"Para diagnosticarmos o comer compulsivo é preciso que os comportamentos descritos anteriormente sejam recorrentes, ou seja, aconteçam com freqüência e estejam associados à perda de controle do paciente", explica a psicóloga.
Quando pensamos em compulsão alimentar, estamos nos referindo à pessoa que come uma grande quantidade de alimentos rapidamente, perde o controle e não consegue interromper a refeição mesmo quando se sente plenamente saciada. "



Para caracterizar esse comportamente como doença é preciso que ocorra pelo menos duas vezes por semana", afirma a profissional.

Não se caracteriza como compulsão o fato de a pessoa comer três ou quatro pratos de macarronada num almoço de domingo, sentindo prazer durante a refeição e consciente de que está exagerando na quantidade. Pacientes com comer compulsivo referem-se sempre à perda de controle. Se servem a primeira vez, e repetem e repetem, pois não conseguem parar de comer. "Apesar da sensação de empanturramento, muitos continuam comendo até vomitar", diz a Adriana de Araújo.

Outra face da compulsão alimentar é a síndrome alimentar noturna, doença que vem sendo muito estudada nos últimos anos. "Ela acomete pessoas que seguem, sem nenhum esforço, hábitos alimentares normais durante o dia, mas, à noite, despertam com a necessidade de ingerir algum alimento. Em geral, nessas ocasiões, ingerem alimentos hipercalóricos, como os doces e os ricos em gordura, que não fazem parte da dieta usual desses pacientes".

O aparecimento desse descontrole é mais freqüente entre os 20 e os 30 anos de idade. Pode ser originado, por exemplo, pela frustração causada pelo casamento ou uma separação, pela insegurança gerada pela perda de emprego ou pela promoção no trabalho. Estudos revelam que a prevalência é igual nos dois sexos, mas as mulheres procuram mais o tratamento do que os homens. "Elas buscam o tratamento não porque estejam preocupadas com os episódios de compulsão alimentar, mas porque estão preocupadas com os sinais de sobrepeso ou obesidade. Em geral, os homens não se incomodam com isso", explica Adriana de Araújo


Tratando o problema

O tratamento destes pacientes inicia-se, sempre, pela reeducação alimentar. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde, não recomenda a prescrição de dietas de baixo valor calórico, mesmo para as pessoas com sobrepeso e obesidade nesses casos. "O que se faz é tentar ensinar este paciente a adequar alimentos de valor calórico corretos a horários de refeição também corretos", diz a psicóloga. Isto significa que os alimentos próprios do café da manhã devem ser ingeridos no café da manhã; os do almoço, na hora do almoço e os o jantar, na hora do jantar.

Outra medida importante é comer alguma coisa nos intervalos entre as três refeições principais. Agindo assim, mesmo que valor calórico do alimento seja baixo, o corpo irá perceber que está sendo constantemente alimentado. "O objetivo disso é educar o relógio biológico em relação aos horários alimentares para a pessoa perceber que é capaz de controlar os episódios de compulsão e de atingir um nível satisfatório de saciedade".

Se a orientação nutricional falhar, o próximo passo é identificar fatores psicológicos, crenças ou pensamentos que possam estar desencadeando os episódios de compulsão. "O tratamento psicoterápico cognitivo-comportamental ajuda a desenvolver comportamentos que previnem o aparecimento desses episódios. Nos casos em que o fator psicológico desencadeia a compulsão, é preciso trabalhar o sentimento de frustração, a autocrítica e a auto-avaliação como forma de prevenir o comportamento compulsivo", explica a profissional.

O terapeuta pode auxiliar o paciente a elaborar uma lista de soluções viáveis para enfrentar os momentos de compulsão. “Existem algumas técnicas que ajudam: ler um livro, ouvir música, sair de casa, andar de bicicleta. Uma vez posta em prática uma delas, 30 ou 40 minutos depois, terá desaparecido a vontade de comer, isso se ele não estiver realmente com fome e já tiver corrigido os maus hábitos alimentares”, afirma Adriana.

Fonte: Site itodas.uol.com.br

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