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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Se você é disciplinada nos exercícios e na dieta, os suplementos ajudam a mudar o seu corpo. Mas tem que ser malhadora de carteirinha: do contrário, você pode engordar

Por Carlos Amoedo

A estudante goiana Karine Paniagua, 30 anos, tem algo em comum com as paulistas Sandra Guardia, bancária, e Lili Vicente de Azevedo, arquiteta, ambas de 31 anos. Além de pertencerem a uma mesma geração de mulheres malhadoras, elas sabem que a conquista de um corpo forte, magro e definido vai além dos exercícios. Após alguns anos de convivência com professores e alunos nas academias que freqüentam, essas três mulheres, insatisfeitas com os resultados alcançados até então, resolveram investir em dieta e no uso de suplementos alimentares.



Elas chegaram, assim, ao último estágio seguido por quem deseja tirar o máximo de proveito da atividade física sem ter de recorrer a drogas ilegais. No caso dessas mulheres, o objetivo foi atingido graças ao trio malhação, dieta e suplementação alimentar. Malhação para construir músculos e queimar gordura. Dieta para garantir alimentos que abasteçam o corpo de energia sem o risco de engordar. E suplementação para complementar a dieta ou fornecer a quantidade necessária de algum tipo de nutriente não obtido nas refeições. “Aposto na dieta e na suplementação há cerca de dez meses. Tenho 1,64 metro e pesava 57 quilos. Hoje peso 67 quilos de puro músculo e quase nada de gordura. Ganhei coxa, bunda e barriga delineada”, conta Sandra.

Lili foi pelo mesmo caminho. Ela, que mede 1,62 metro, ganhou cerca de 3 quilos de musculatura à medida que enxugava o excesso de gordura. Em dois anos, a arquiteta passou de 52 para 55 quilos, peso que mantém com bravura apostando em exercícios e num cardápio controlado. “Com a suplementação, consigo ter mais disposição para malhar. E se você malha e come corretamente, não tem erro”, diz Lili, satisfeita. Karine, que engravidou duas vezes em um curto espaço de tempo, queria mesmo perder os quilos extras sem se livrar dos músculos. “Alcancei essa meta em um ano. Tenho 1,66 metro e peso 54 quilos. Quando comecei a me cuidar após a segunda gravidez, pesava 70”, conta ela.

Não é de hoje que a dobradinha malhação e dieta faz sucesso em academias e tem o apoio de médicos e demais especialistas que zelam pela saúde. Agora, o uso de suplementação alimentar não é exatamente um consenso e, quando recomendado, deve ser feito com restrições. Esses produtos só fazem sentido se associados a uma certa carga de exercícios. De nada adianta tomar baldes de proteína em pó ou carboidrato de rápida absorção para construir músculos se o esforço na academia é pífio ou se a dieta fica a desejar. “Se não houver uma demanda de energia que justifique a suplementação, há o risco de engordar e até de sobrecarregar o organismo”, diz Flávio Settanni, personal trainer de São Paulo. “Por outro lado, o uso de suplementos de proteína, por exemplo, é indicado se a aluna precisa de uma dose extra desse nutriente em algum período do dia e não tem como obter isso por meio da alimentação”, completa. Antes de virar o jogo, Sandra sentiu no corpo o que uma suplementação sem necessidade pode fazer. “Tomava um produto protéico que também tinha carboidrato. Mas, como minha carga de exercício não justificava isso, acabei inchando. Só reverti a situação depois de suspender esse suplemento”, conta.




Rotina de atleta

O perfil de uma consumidora voraz de suplementos é conhecido por nutricionistas e professores de academia. “São mulheres vaidosas e disciplinadas que querem ver mudanças rápidas no corpo. E, por apostarem nos resultados, são capazes de gastar até 600 reais mensais em proteínas e demais suplementos”, diz Claudia Hespanhol, personal trainer de São Paulo. Karine, Sandra e Lili se encaixam perfeitamente nessa descrição. Mas, no caso dessas três mulheres, a suplementação parece se justificar por causa da disciplina à mesa e na rotina de exercícios que elas fazem na semana. Karine pratica uma hora de musculação às terças, quartas e quintas. Às quintas, luta uma hora de boxe. Às sextas-feiras, ela faz 30 minutos de exercícios aeróbicos como esteira ou bicicleta ergométrica. Para segurar o pique, a estudante toma uma medida de proteína em pó antes e depois dos treinos, um comprimido de vitamina C e outro de E, que atuam no combate ao envelhecimento precoce do organismo, após o almoço e o jantar. À tarde, também consome uma cápsula de BCAA (sigla de Branch Chain Amino Acids), aminoácidos ramificados que formam as proteínas, uma das matérias-primas dos músculos. Quando tem que fazer uma rotina puxada de exercícios, Karine não abre mão de um produto à base de carboidrato antes da malhação. Sandra, que é casada com um personal trainer, pratica diariamente uma hora de aula de corrida na esteira e 30 minutos de circuito em aparelhos de musculação. De vez em quando, faz uma aula de step, axé ou spinning. A sua receita de resistência é: shake à base de proteína de soja para substituir o caféda- manhã e o jantar, duas cápsulas de fibras depois do almoço, antes do café-da-manhã e do jantar, três de BCAA à noite, dois comprimidos de um complexo vitamínico no café-da-manhã e no almoço, uma cápsula de um produto cujo princípio ativo principal é a vitamina C, três vezes ao dia. Lili é a mais comedida. Ela, que faz uma hora de musculação quatro vezes na semana e corre na esteira ou sobe escada durante 40 minutos, uma ou duas vezes, toma uma medida de um suplemento de proteína com redução de carboidratos após a atividade física e no lanche da tarde ou à noite. Na bolsa, carrega barras de proteína que fazem as vezes de um lanche rápido.




Erros e acertos

Ainda que procurem seguir à risca o roteiro da boa suplementação e estejam satisfeitas com os resultados, mulheres como Karine, Sandra e Lili podem cometer excessos. Os suplementos foram indicados por personal trainers. Eles, tecnicamente, não estão habilitados a receitá-los: só nutricionistas e médicos poderiam fazer esse tipo de recomendação. Segundo a nutricionista Vanessa Schmidt, de São Paulo, as três mulheres exageram no uso de alguns desses produtos, o que pode sobrecarregar as funções renais. No caso de Karine, que não chega a ser uma atleta por não cumprir um rotina diária de pelo menos quatro horas de exercícios, há proteína demais na parada. “Ela deveria tomar BCAA ou proteína apenas nos dias que faz musculação”, diz Vanessa. “Se eu fosse orientá-la, diria para optar pelo BCAA, que constitui melhor as fibras musculares.” Já Sandra, além de escolher entre a proteína e o BCAA e entre o complexo vitamínico e a vitamina C, não deveria banir o café-da-manhã de sua mesa. “Trata-se da refeição mais importante do dia, pois deveria fornecer grande parte dos nutrientes necessários para as atividades das próximas horas, com menos riscos deles não serem utilizados”, diz Vanessa. Segundo a nutricionista, Lili é a que mais tem acertado na relação entre malhação e suplementação. A única ressalva é para que ela tome o seu coquetel de proteína uma única vez: antes ou depois da malhação. “Se ela comer uma barra de proteína antes do treino, a suplementação pode vir depois”, diz Vanessa.

Se mulheres como Karine, Lili e Sandra, aparentemente descoladas na tarefa de mudar o corpo, podem cometer erros, imagine então quem faz uso de suplementação levando em conta os palpites da colega. Para você não errar e tampouco jogar dinheiro fora (esses produtos custam caro!), existe um único caminho a ser seguido: consultar quem entende do assunto antes de se aventurar pelo vasto mundo dos suplementos.



CUIDADO, É DROGA!

Há caminhos mais rápidos para ganhar um corpo forte e definido que não pedem necessariamente o uso de suplementação alimentar. Esse trajeto curto – de um mês e meio em média –, e que tem tentado várias mulheres, passa pelo uso dos chamados esteróides anabolizantes. Os mais comuns são a oxandrolona, stanozolol, durateston, nandrolona e deca durabolin. Eles nada mais são que testosterona ou progestina, hormônios encontrados em maior quantidade no homem, que aumentam a síntese de proteína. Em outras palavras, essas drogas de farmácia proporcionam um ganho de massa muscular e uma queima de gordura dificilmente alcançados por vias normais. Ok, a proposta é mesmo tentadora. Mas fique sabendo que essas substâncias ou bombas (como são conhecidas em academias) têm um lado B sério. Segundo o clínico geral Thiago Volpi, de São Paulo, elas podem provocar em mulheres efeitos colaterais irreversíveis como aumento do clitóris, crescimento de pêlo no rosto, engrossamento da voz e alterações do ciclo menstrual, além de aguçar a agressividade e lesar fígado e coração. “Essas drogas são recomendadas em casos específicos, como raquitismo e certas anemias. Como o uso sem controle provoca vários efeitos colaterais, elas devem ser vendidas mediante pedido médico”, diz Thiago. O problema é que, no Brasil, nem sempre as farmácias exigem o receita para entregar o medicamento.

Entre os suplementos mais consumidos pelas mulheres nas academias estão os termogênicos, o CLA e o Whey Protein. Apesar de fartamente comercializados, os dois primeiros são proibidos pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão do Ministério da Saúde. A nutricionista Cynthia Antonaccio, de São Paulo, faz uma análise desses produtos.



Termogênicos (os mais comuns são Lipo 6, Xanadrine e Ripped Fuel):
à base de uma erva chamada mahuang, guaranina ou cafeína, eles têm por objetivo acelerar o metabolismo, aumentando, assim, o gasto calórico. O produto foi proibido porque um dos efeitos colaterais é acelerar os batimentos cardíacos, sobrecarregando o coração.






Whey Protein (proteína isolada do soro do leite):
atua na construção da massa muscular. As marcas mais comuns misturam uma boa dose de carboidrato à proteína isolada. Mas há versões à base de proteína e zero de carboidrato. É um produto indicado quando não for possível adquirir a proteína necessária por meio da dieta. Geralmente, seu uso é feito logo após os exercícios, período em que o organismo está mais desgastado e, portanto, receptivo aos nutrientes. Apesar de ter a venda liberada, nem todas as marcas têm registro na Agência de Vigilância Sanitária.








CLA (Conjugated Linolenic Acid) ou LA (Linolenic Acid):
trata-se de uma gordura semelhante à encontrada (em pequena quantidade) na carne vermelha, no leite e no queijo, consumida com o objetivo de diminuir as medidas abdominais. Como não existem estudos conclusivos sobre a eficácia e a segurança desse produto, sua venda foi proibida pela Anvisa.



Fonte: Revista BOA FORMA

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