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Livre, Leve e Solta


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009


Prisão de ventre incomoda muita gente. Barriguinha saliente incomoda muito mais. Mas anime-se: cuidar bem do intestino é simples e – veja só! – ajuda a deixar a barriga lisinha como a gente sempre sonhou

por Luciana Farnesi

Ir ao banheiro não é exatamente um assunto glamouroso. Mas não ir com certeza é uma roubada, todo mundo concorda. Afinal, o intestino preso não tem esse nome feio à toa: ele provoca desconforto na região do abdômen, faz a barriga inchar e, por causa das toxinas não eliminadas, rouba a vitalidade da pele.


E não é brincadeira: “Se não for levado a sério, o problema pode causar doenças graves, como hemorróidas e até câncer de cólon”, conta a gastrenterologista Luciana Camargo Lobato, professora adjunta e chefe do setor de Motilidade Digestiva da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo (SP). Isso sem falar de um efeito colateral que pode azedar nosso dia-a-dia: o mau humor! Se você faz parte da multidão dos enfezados (palavra que, originalmente, significava “cheio de fezes”!) tem de tomar uma atitude. Para que seu intestino funcione legal, vai ter de transformar algumas estratégias em hábitos. De presente, você acaba com
o desconforto, ganha uma barriga lisinha e uma pele mais viçosa.


Sem vergonha

Homem também tem, mas intestino preso é um problema muito mais comum entre as mulheres. Pode culpar nosso excesso de discrição. A gente não gosta de usar banheiro coletivo. Dá vergonha, não é? Daí, a gente segura a vontade. O perigo é que, se isso acontece regularmente, o intestino se adapta à nossa teimosia e passa a esperar um acúmulo cada vez maior de bolo fecal para só então disparar o sinal de que “agora é a hora”. A solução é escutar os apelos do seu intestino. Você também pode educá-lo para se manifestar todo dia no mesmo horário. Pode programar o serviço, por exemplo, para a manhã, no conforto da sua casa. Luciana Lobato dá o truque. “Faça o seguinte exercício: passe 15 minutos por dia, sempre naquele horário desejado, sentada no vaso, esperando que o intestino funcione”, ensina. Procure se distrair, com uma revista, um livro, enfim, para dar tempo ao seu corpo. Se nos primeiros dias não funcionar, não desanime: reeducar seu organismo demora, mas vai valer a pena.



Mulher de fibra
Outra razão comum para a prisão de ventre é a má alimentação, sempre ela. O fast food, por exemplo, é um veneno para o intestino, por ser uma comida gordurosa e pobre em fibras. As fibras funcionam como um laxante natural, sem o inconveniente de, com o passar do tempo, obrigarem você a tomar uma dose maior para obter o mesmo efeito. Elas aumentam o bolo fecal, além de formar uma barreira no intestino que dificulta a passagem de gordura e glicose (sim, significa que seu corpo vai absorver menos a gordura e o açúcar!). Como se isso fosse pouco, as fibras também dão uma sensação prolongada de saciedade, o que tira aquela vontade louca de atacar a geladeira. Os nutricionistas indicam um consumo diário de 30 gramas de fibras. Para aumentar sua quota sem ficar fazendo conta, troque pão branco por pão integral e arroz branco por arroz integral, coma frutas com casca e vegetais crus. No café da manhã, não deixe faltar os cereais. E, para completar, não se esqueça: uma boa digestão começa pela boca. Portanto, mastigue, mastigue e mastigue.



Água, por favor
Mas as fibras, sozinhas, não funcionam. “Se comer muita fibra e não tomar água suficiente, a prisão de ventre se agrava”, alerta Waldinez Nogueira, nutricionista da Lapinha Clínica e SPA Naturalista, em Curitiba (PR). Isso acontece porque a fibra, seca, é difícil de ser eliminada pelo intestino. O papel da água é amolecer o bolo fecal, reduzindo o esforço dos músculos do abdômen em expelir as fezes. “O ideal é beber de 50 a 60 mililitros de água por quilo de peso”, indica Jocelem Mastrodi Salgado, pesquisadora e professora titular de nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba (SP). Por exemplo: se você pesa 60 quilos, deve consumir entre 3 litros e 3,5 litros de água por dia. Vale substituir parte da água por sucos naturais. Mas atenção: refrigerante e água com gás não entram nessa conta! A água gasosa tem ácido fosfórico, que desidrata seu organismo, deixando você com mais sede.



Mexa-se!
Nosso corpo é menos preguiçoso do que a gente quer acreditar. Ficar muito tempo sem fazer exercício físico não faz bem e você já sabe. O sedentarismo prejudica até mesmo nosso sistema digestivo. A gastrenterologista Luciana Lobato explica: “O exercício aeróbico libera adrenalina, substância que estimula as contrações do intestino e, assim, facilita a evacuação”. E nem é preciso pegar pesado! Caminhar por cerca de 40 minutos, três vezes por semana, já dá conta do recado. O mais importante é manter a regularidade. Há ainda um benefício extra: realizar uma atividade física ajuda a controlar a ansiedade. “Muitas mulheres ansiosas têm a tendência de transformar a ansiedade em sintoma físico, provocando tensão muscular do intestino”, diz Alexandre Pinto de Azevedo, psiquiatra do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares de São Paulo (SP). “E essa tensão prejudica o bom funcionamento intestinal.”



A ioga dá uma força
Uma simples massagem circular ao redor do umbigo já estimula o funcionamento do intestino. “Mais poderosa, porém, é a colaboração da ioga, que trabalha todos os órgãos”, explica Márcia De Luca, professora do Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda, em São Paulo. Anote aí um exercício para fazer todos os dias.

Em pé, joelhos levemente flexionados, mãos apoiadas nas coxas. Solte todo o ar dos pulmões e segure a respiração. Contraia e relaxe o abdômen várias vezes seguidas. Quando estiver sem fôlego, inspire, expire e comece outro ciclo de contração e relaxamento do abdômen. Comece com dois ciclos e aumente a cada dia, até conseguir fazer dez ciclos. Barriga estufada? Não, obrigada
A situação apertou? Preparamos para você um cardápio de emergência (com apenas 1500 calorias), que funciona como um laxante — mas é muito mais saudável!


Cardápio Laxante

Café da manhã (330 cal)
• 1/2 papaia
• mingau de aveia: 5 col. (sopa) rasas de aveia em flocos médios, 1 copo de leite desnatado, 1 col. (sobremesa) de mel, 1 col. (sobremesa) de uvas passas

Lanche da manhã (80 cal)
• 1 copo de coalhada ou
• 1 iogurte desnatado

Almoço (500 cal)
• 1 fatia de abacaxi para iniciar a refeição
• 1 prato grande de salada de alface, agrião, tomate e brócolis, com pouco sal, limão e azeite de oliva, salpicada com 1 col. (chá) de gergelim torrado
• 3 col. (sopa) cheias de couve no vapor
• 1 pedaço pequeno de frango grelhado ou assado
• 2 col. (sopa) de arroz integral
• 2 col. (sopa) de feijão

Lanche da tarde (250 cal)
• 1 laranja picada com o bagaço e misturada a 1/2 xíc. (chá) de nozes, castanhas, uva passas
e ameixas secas picadas

Jantar (290 cal)
• 1 copo de iogurte natural com 4 col. (sopa) de granola e 1/2 col. (sopa) de farelo de trigo
• 1 fatia de mamão

Antes de dormir (50 cal)
• 1 tangerina

Atenção: beber muita água durante todo o dia.
Nutricionista responsável: Waldinez Nogueira.


Fonte: Revista Boa Forma

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